A sua opinião

Uma boca repleta de dentes, um corpo volumoso com uma musculatura imponente, olhos e narinas que não ficam submersos debaixo de água enquanto o seu corpo preenchido de escamas dispostas de uma forma geométrica que lhes dão liberdade de movimento e proteção, fazendo lembrar uma armadura altamente implacável, permanece imóvel, o predador espreita uma potencial presa a saciar-se no rio. Ela avança colocando uma pata na água, está desprevenida e ainda nem o viu. É a sua oportunidade de avançar. Agilmente nada, totalmente submerso até ela, e assim que percebe que já pode atacar, ele não hesita. Sai ferozmente da água, e desfere uma dentada na presa. Ela já não tem hipóteses.

Crocodilo do Nilo - Etiópia

Crocodilo do Nilo – Etiópia

Esta descrição fez-te lembrar algum predador do reino animal? Talvez um crocodilo-do-nilo (Crocodylus niloticus) a predar uma impala (Aepyceros melampus), não? Bem provável, é verdade. E é isso mesmo que vos vou falar hoje, neste artigo, da força e agilidade destes animais, características que os tornam uns dos predadores de topo. Apesar de “crocodilo” ser uma palavra bastante vasta, é como a maioria destes animais são conhecidos, no entanto, dentro desta ordem também existem os chamados de aligátores, que têm normalmente a cor mais escura e o focinho arredondado e largo, a mandíbula superior do aligátor é mais larga que a inferior por isso a maioria dos dentes inferiores estão escondidos quando têm a boca fechada, diferindo dos crocodilos pois estes têm normalmente uma cor mais clara, focinho esguio e pontiagudo, as mandíbulas dos crocodilos têm praticamente a mesma largura por isso os seus dentes estão mais expostos. Por essas características é que é costume dizer-se que nos aligátores o quarto dente mandibular inferior não é visível com a boca fechada, sendo que nos crocodilos o quarto dente mandibular é visível com a boca fechada. O gavial também é um exemplar desta ordem, sendo o seu focinho extremamente delgado. Talvez por esta ordem ter o nome de Crocodylia, te refiras sempre aos crocodilos, pois eles são dos mais representativos e emblemáticos. Há que sublinhar então que crocodilo, gavial e aligátor não se refere ao mesmo animal, apenas pertencem à mesma ordem, agrupando-se em diferentes famílias: Alligatoridae (aligátor e caimão ambos designados muitas vezes por jacaré), Crocodylidae (crocodilo) e Gavialidae (gavial).

Aligátor americano

Aligátor americano

Estes répteis são dotados de um cérebro e coração bastante evoluídos, maioria deles conseguem permanecer camuflados como um tronco de madeira, debaixo de água e é quase impossível dar por eles. São animais astutos, sabem que se sua presa for maior e mais pesada, o mais cauteloso é trazê-la para a água e afogá-la, e só depois desmembra-la, segurando-a com as mandíbulas, girando-a rapidamente na água, até que ela se despedace. Como referi anteriormente, estes répteis, ao terem as narinas e os olhos na parte superior da cabeça, conseguem continuar a ver e a respirar enquanto o resto do seu corpo está submerso, no entanto eles também conseguem mergulhar, e aí existe uma membrana ou uma “terceira pálpebra” transparente que se desloca horizontalmente diante dos olhos, protegendo-os quando mergulham, por sua vez, as narinas e os ouvidos fecham-se. Já reparaste com certeza na grande cauda altamente musculada que estes animais possuem… de facto, é bastante útil na locomoção, e também é com ela que eles impulsionam a água, os membros neste ambiente, estão recolhidos, mas são necessários quando estão em terra firme. Aqui pode existir algumas variações, nem todos os répteis desta ordem têm membros anteriores poderosos, alguns quando estão fora de água mal conseguem rastejar outros conseguem percorrer relativas distâncias. Uma curiosidade particularmente interessante é que estes animais não só conseguem rastejar, nadar e andar, como há alguns que ao elevarem o seu corpo acima do solo com ajuda dos membros, conseguem correr! Claro que não conseguem percorrer distâncias como animais que têm o seu corpo altamente adaptado a corrida, mas há relatos de por exemplo, o crocodilo-de-água-doce-australiano (Crocodylus johnstoni) a galopar em terra! E isso é extremamente impressionante! Não partilhas da mesma opinião? No entanto, é no elemento água que estes animais “dão cartas”. Então como é que este predador nato ataca e disfere mordidas nas suas presas? Primeiro, as suas mandíbulas são extremamente fortes, a sua boca foi concebida para arrancar membros, conseguindo desfazer completamente a presa, ele usa as maxilas preenchidas de dentes igualmente robustos para puxar a presa para baixo de água, afogando-a. Eles giram sobre si próprios, como se estivessem a rodopiar na água. Quando estes atacam, submergido da água, são os membros mas principalmente a cauda que os faz ter força suficiente para impulsionar o movimento. Posteriormente, começa a alimentação, e com certeza em documentários já observaste que após matar a presa estes répteis fazem múltiplos movimentos de chapa na água, “chicoteando” a presa contra a água, de maneira a conseguirem desfazer o seu corpo, para depois a começarem a engolir. A força que têm permite-lhes realizar esses movimentos, de maneira a serem bem-sucedidos. Enquanto mordem a presa afogando-a, uma válvula na sua garganta impede a entrada de água, de modo a não se afogarem também. Sabias que alguns répteis desta ordem ingerem pedras para ajudar na digestão do alimento? Como estes animais não mastigam essas pedras são engolidas para auxiliar na fase de triturar o que consumiram. Claro que não comem qualquer pedra, pois podem ser nocivas para eles, magoando-os por dentro, então pedras mais lisas e arredondadas são normalmente as eleitas. Será que já ouviste dizer, ou tens conhecimento que estes répteis podem ter inúmeros dentes ao longo da sua vida? Muitas vezes, durante a alimentação estes répteis podem fraturar alguns dentes, no entanto não se podem dar ao luxo de ficar sem eles, pois são uma arma poderosa que no reino animal é sinónimo de sobrevivência, no entanto há um mecanismo por detrás disto, pois é, sabias que a cavidade de cada dente comporta um, pequeno, de substituição? Caso algum sofra alguma fratura, é renovado! Que animais extraordinários!

 

Gavial do Ganges

Gavial do Ganges

Diferenças entre as espécies refletem-se bastante no regime alimentar, por vezes relacionado com o ambiente onde ocorrem, dependendo do habitat que integram, e condições deste, as presas variam. As formas das mandíbulas destes animais estão adaptadas às presas que estes consomem. Ora, no caso do gavial características como o focinho bastante alongado e esguio, tal como os dentes afilados e especializados, estão associadas ao facto de se alimentar sobretudo de peixe, e nestes animais há um dimorfismo sexual curioso na ordem que integram, pois os machos de gavial (Gavialis gangeticus) têm a ponta do focinho em forma de bolbo, sendo ausente nas fêmeas.

Jacaré-anão (paleosuchus palpebrosus)

Jacaré-anão (paleosuchus palpebrosus)

Dentro da família dos crocodilos e da família dos aligátores a dieta é mais diversificada, podendo ir de grandes presas a pequenas, em indivíduos adultos, pois as crias têm que naturalmente, alimentar-se de presas bem mais pequenas. Existem espécies que por serem dotadas de poderosas maxilas e focinho curto e largo, conseguem alimentar-se de por exemplo tartarugas e garças. Por outro lado, por exemplo o crocodilo-do-nilo (Crocodylus niloticus) é de facto um dos mais emblemáticos, e este caça presas diversas, não tendo uma alimentação especializada, podendo ir de peixes, a aves e ungulados. Também existem crocodilianos relativamente mais pequenos aos que costumas ver em fotografias ou documentários, um exemplo disso é o vulgarmente chamado de jacaré-anão (Paleosuchus palpebrosus), que em princípio poderás observar nas futuras instalações do reptilário de Aveiro, mas para isso é necessário apoiar e fazer crescer este projeto, podemos contar com a tua ajuda?

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